Em 2014, Amelia Worsley, professora de Literatura da Amherst College, uma Universidade de Artes Liberais dos Estados Unidos, fez um levantamento histórico sobre o assunto da solidão e chegou a conclusão de que houveram mudanças do conceito de solidão nas culturas ocidentais, a palavra passou a ser descrita de um sentimento que ao longo dos tempos inspira poetas, romancistas, cineastas e outros artistas, para um sintoma de um estado mental que pode vir a desencadear outros problemas de saúde.
A solidão atualmente se constitui como um problema social cada vez mais prevalente, sendo agravada pelo estresse da vida moderna, cobranças sociais, mudanças de organização social, padrões de beleza que desconsideram a individualidade e o avanço tecnológico, que, apesar de trazer grandes benefícios, por vezes também nos sobrecarrega com uma série de estímulos, informações e julgamentos. Atualmente, por conta do impacto na saúde pública, na Inglaterra, por exemplo, foi criado o Ministério da Solidão, em 2018.
Segundo Worsley, "As mudanças de significado de solidão podem nos dizer muito sobre como as pessoas em diferentes momentos entenderam suas experiências mentais, emocionais e físicas, e como se relacionaram umas com as outras". Atualmente, a solidão não mais é experienciada como um sentimento passageiro, mas como uma fonte de sofrimento significativo, associando-se à redução da qualidade de vida e ao aumento da morbilidade e mortalidade. Além disso, não diz respeito mais somente ao estado físico de estar sozinho, atualmente a solidão se caracteriza mais que tudo como um estado mental.
Weiss (1973) destaca que além da solidão que vem do isolamento social, existe a solidão emocional. Neste caso, a pessoa pode estar inserida em vários grupos sociais e se relacionar com várias pessoa, mas não encontra um suporte significativo e não se sente parte do coletivo. Conforme diz Jung, no livro "Memórias, Sonhos e Reflexões", "A solidão não significa a ausência de pessoas à nossa volta, mas sim o fato de não podermos comunicar-lhes as coisas que julgamos importantes, ou mostrar-lhes o valor de pensamentos que lhes parecem improváveis"
A solidão pode vir a ser observada nas diversas faixas etárias, atualmente sendo prevalente principalmente entre adolescentes, adultos e idosos. Diversos fatores sociais e subjetivos podem levar a esse estado, sendo extremamente necessária a reflexão crítica acerca desse assunto, além da sensibilização dos profissionais responsáveis por acolher essas demandas e trabalhar em cima delas. A psicoterapia pode ser uma auxiliadora nesse momento, proporcionando apoio e acolhimento necessários para que mudanças possam ser realizadas em sua vida ao longo do processo.